De uma família que tinha o seu Solar na fazenda Cajazeiras, a três quilômetros de Tauá. Ordenara-se em Olinda ao tempo em que o curso sacerdotal parece que se limitava a um pouco de latim, de liturgia, de história sacra, de retórica e de teologia moral e dogmática.
Celebrava, batizava, confessava. Tinha uma admirável voz de baritono. Na Glória in cxcelsis, no Deo gratis, quando se cantava a Missa de Muribeca; no Stabat mater das vias sacras, pela Quaresmas; ou em um Taantum ergo, de certo o único que aprendera no Seminário, era grandioso, inexcedível, profundo como um órgão de Catedral.
Já muito alquebrado pela idade e cardíaco, ainda cantava; cantava com a voz trêmula, cansada, porém, com o mesmo timbre de suavidade, de doçura, de unção. As suas ovelhas adoravam-no: ali nascera, ali passara a sua meninice, ali desempenhara, tranquilo, toda a sua missão sacerdotal.
Agravando-se-lhe a moléstia, resolveu-se transportá-lo para Fortaleza. Não podendo montar, foi conduzido em uma rede para uma liteira, onde viajaria até Quixeramobim, a cinquenta léguas de Tauá, nesse tempo, ponto terminal da estrada de Ferro de Baturité.
No momento da partida, toda a população, até octogenárias, trêmulas e curvadas sob o peso dos anos, que o viram menino e lhe beijavam a mão, enternecidas, de joelhos em torno da liteira, e chorando, faziam preces pelo velho pastor que nunca mais teriam de ouvir.
Meses após, o sino de Tauá anunciava a sua morte, dobrando plangente, doloroso, talvez com saudade do tempo em que juntos embalavam aquelas almas rústicas e singelas na mesma risonha visão de eternidade.
PIMENTA. Joaquim. Retalhos do Passado. Rio de Janeiro: Departamento da Imprensa Nacional, 1949 p. 22-23.
Segundo Antonio Gomes de Freitas, em Inhamuns Terra e Homens, no capítulo Formação Eclesiástica da Freguesia de Nossa Senhra do Rosário de Tauá, Padre Alexandre Ferreira Barreto foi pároco em Tauá de 1879 a 1898.
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