quarta-feira, 14 de março de 2012

IRACEMA JOSÉ DE ALENCAR

IRACEMA JOSE DE ALENCAR
Por Francisca Clotilde

Num blandicioso estilo comparável ao canto do sabiá, na espessura da mata, em alvorecer primaveril, José de Alencar, glória da Terra cearense, idealizou o tipo gracioso dessa índia em cujo coração se acrisolavam os sentimentos fortes de uma raça selvagem e a meiguice empolgante de uma alma de donzela aprimorada ao sopro da civilização.

Livre como a corsa, ela palmilhava os sertões e mirava o rosto moreno, de traços corretos, na limpidez das águas da lagoa, cristalizadas aos esplendores do sol.

Desprendiam festivos cantares quando a aurora roseava o céu e as flores silvestres que desatavam as pétalas embalsamando os campos do Ipu, ornava-lhe os cabelos opulentos e negros.

Os guerreiros mais famosos encontravam-na esquiva e ao fitarem a luz de seus olhos e o frescor de seus lábios rubros entreabrindo sorrisos álacres, pensavam que IRACEMA era talvez um gênio superior, a virgem privilegiada que Tupã destinara para proteger com a candidez de sua existência imaculada e descuidosa os valentes filhos dos Tabajaras.

Poema estremecido de imagens belíssimas iluminado pelas fulgurações dos astros que matizam o céu azul que se estende sobre a Pátria do grande escritor.
Apresenta-nos a visão lendária no grácil abandono de repouso à sesta, nos claros da floresta, ou mais tarde errando desolada pelos ermos sertões, a repetir o nome de Moreno à variação cariciosa, na hora contemplativa da saudade, ao morrer do dia.

Imortalizada pelo gênio de Alencar, o mimoso perfil dessa lenda selvagem, vencido pelo guerreiro branco, reflete-se através dos tempos sobre as alvas praias e as risonhas dunas que orlam os "verdes mares" marcando uma nova fase à literatura indígena e mostrando em colorido vivo, brilhante, a sensibilidade, a delicadeza e os afetos de uma alma feminina expandindo-se ao calor das silvas, grande na sua dedicação, sublime no generoso desprendimento com que esquece tudo e carpe como a ave solitária às margens pungentes da ventura perdida.

F. CLOTILDE. Ceará Intelectual. Fortaleza, 1910.

segunda-feira, 12 de março de 2012

A ENJEITADA - CONTO - FRANCISCA CLOTILDE

Francisca Clotilde

Através do CONTO, Francisca Clotilde faz os primeiros passos,
apercebendo e aprimorando-se para o cultivo de outro gênero,
 de maior amplitude e complexidade: o romance.
 (Dolor Barreira)

A gentil criancinha viu a luz do dia em uma estreita e úmida mansarda. Filha do amor e do crime nascia quase ao desamparo, e apenas os beijos maternos festejaram-lhe a entrada no mundo.
A mãe seduzida por um homem sem coração necessitava encobrir a falta para continuar a viver entre a familia, e tinha de abandoná-la à caridade publica algumas horas depois de nascida.
Era tão franzina! Precisava tanto de cuidados maternos; porém a sociedade severa e inexorável a triste sorte da enjeitada.
São assim as leis humanas.
A moça inexperiente e sem o escudo de uma boa e sólida educação caíra aos amorosos assaltos de mancebo sedutor, e tornara-se mãe. Era, portanto, indispensável ocultar o fruto de uma culpa que o mundo não perdoa, e entre o amor de mãe e o terror do anátema que lhe cairia na fronte, a pobre moça hesitava.
Abandonar a filha, uma creaturinha frágil, flor mal desabrochada que a primeira carícia de vento pode molestar, deixá-la à porta de algum rico compassivo, privá-la dos seus beijos, não vê-la talvez mais!
Trouxera-a nove meses no seio, nutrindo-a com o seu sangue, com a sua própria vida.
Às ocultas fizera um enxolvazinho para que o seu anjo tivesse uma camisinha de rendas e uma touca enfeitada, ouvira-lhe o primeiro vagido, beijara-a com toda effusão de seu amor, e ia separar-se dela!
O seu coração de mãe revoltava-se.
Havia de conservá-la, embora a família a repelisse.
Trabalharia para sustentá-la, sofreria junto a si. Já lhe queria tanto!
Mas a vergonha e o opróbrio que a esperava?
Tratava-se n’aquelle espírito abatido pela dor física numa lucta horrível. Ficaria irremediavelmente perdida. A filha mais tarde envergonhar-se -ia de sua origem e talvez a amaldiçoasse.
Aparecia-lhe o mundo com a sua moral severa a estigmatisá-la, a excluí-la do rol das mulheres honestas, a família a expulsá-la.
Podia continuar a ser querida e respeitada. Ninguém descobriria sua falta, freqüentaria a sociedade, seria bem recebida em toda parte, encontraria talvez um homem que a desposasse e havia de ser feliz. Mas para conseguir isso devia abandonar a filha aos cuidados estranhos, condená-la a implorar continuamente a caridade alheia. Era horroroso!...
Tinha-a junto do coração, molhava-lhe as facezinhas rosadas com lágrimas de ternura acariciava-lhe a loura cabecinha, extasiava se diante dos seus olhos que se abriam indecisos como para fitá-la e dizer-lhe: não me abandones.
O amor materno ia triunfar, mas ali estava alguém aa reclamar-lhe a creança, aa animal-a ao sacrifício expondo-lhe as conseqüências de sua fraqueza, a dizer-lhe que se apressasse, que em casa poderiam desconfiar de sua demora.
Pobre mãe! O miserável que murchou a coroa de tua virgindade não pensa decerto nas angústias porque estás passando.
Ri neste momento, quem sabe?
A sociedade não há de repelir, elle tem o direito de entrar com a fronte erguida nos salões, onde se ostenta a gente melhor e será recebida com atenções e obséquios.
Mas, tu, vitima indefesa, terias arremessada ao charco onde se revolvem as criaturas sem pudor.
Não te vendeste, o amor te perdeu, te entregaste generosamente e sem restrições ao homem que te fez pulsar o coração ainda virgem; porém o mundo não indaga destas cousas. Há de salpicar-te o rosto com a lama da degradação e marcar—há a fronte com o selo da ignomínia e da desonra!
Nem mesmo a maternidade dá o direito de esperar indulgência. Riram de tua dor e zombaram de teus desvelos, e sobre tua filha recairá a tua infâmia.
A jovem mãe sente a vertigem do desespero. Passa-lhe pelos olhos uma nuvem que a deslumbra.
Aperta mais o filhinho, cobre-a de beijos, agasalha-a cuidadosamente contra as intempéries do tempo à pessoa que a espera.
Depois, como impelida por força sobre humana ergue-se do leito dos sofrimentos, deixa a mansarda úmida e estreita e volta para a casa da família.
Vai continuar a frequentar o mundo.
Ninguém lhe verá a palidez das faces e as palpitações nervosas do coração.
Sua honra está salva, porque o mundo contenta-se com exterioridades.
E enquanto ela aparentemente é feliz, e cercam-na de homenagens e afeições, a filhinha aos cuidados de estranhos não passa de uma enjeitada.

F. Clotilde. Revista A Quinzena. Fortaleza, ed. de 15/10/1887.

*****
Francisca Clotilde teve, no ano de 1897, quarenta e dois contos, publicados em brochura “Coleção de Contos”, pela Typ. Cunha, Ferro & Cia de Fortaleza, contendo 126 páginas, dedicados “À memória de meus pais: João Correia Lima e Ana Maria Castelo Branco”. O livro foi prefaciado por Tibúrcio de Oliveira, ex-aluno e afilhado literário de Francisca Clotilde.

quarta-feira, 7 de março de 2012

A DIVORCIADA - ROMANCE DE FRANCISCA CLOTILDE

A DIVORCIADA

“Os estudos sobre a natureza e a importância do nosso romance são escassos, incompletos, pois permanecem quase sempre em considerações superficiais, sem maior aprofundamento, além das injustiças que se cometem, talvez inconscientemente, em relação a nomes que foram de certa forma, desbravadores de caminhos”.
(Dolor Barreira)
O romance A Divorciada, aborda a questão do divórcio, um tema bastante polêmico, principalmente se retomarmos à época em que foi publicado, o ano de 1902.

Uma mulher de vanguarda, Francisca Clotilde, conhecida na educação como professora da Escola Normal de Fortaleza e na imprensa local e nacional, pelos seus versos e poemas, espalhados em jornais e revistas do estado do Ceará, de outros estados brasileiros e até em outros países: Portugal e França. Também contista, é de sua autoria a brochura "Coleção de Contos", publicado no ano de 1897.

Era o ano de 1902. Francisca Clotilde, professora, abolicionista, jornalista, contista, poeta, dramaturgista, publica o romance A DIVORCIADA, o qual ela dedica a suas diletíssimas amigas Serafina Pontes e Alba Valdez. Dedica ainda a dona Maria Eugênia dos Santos.

O romance é organizado em trinta e sete capítulos, em suas suas duzentas trinta e três páginas, e inicia assim: 
CARTÃO DE VISITA

Não pense o leitor benévolo que vai ter diante dos olhos um romance de cenas aparatosas, cheio de peripécias emocionantes e de lances extraordinários.

É uma história singela de duas criaturas que se amaram com pureza, e as quais o destino torturou acerbadamente antes de dar-lhes a felicidade almejada.

A maior parte da ação desenrola-se no campo, num pequenino povoado, em plena existência matuta, por entre a harmonia dos ninhos, traduzida pelos gorjeios das aves festivas.

Trescala a narração o aroma das flores agrestes, é um inocente idílio que pode ser compreendido por olhar casto.

Não está filiado a escola alguma dos Mestres; e seus personagens existem, e a cor verdadeira que apresentam é o mérito único da obra extremamente singela.

Revelam os inúmeros defeitos, a simplicidade rústica da forma, a pobreza de colorido, devido talvez ao meio excessivamente burguês em que se deslizou a vida da – Divorciada.

A autora

Segundo Dolor Barreira, A República,  edição de 08 de abril de 1902, foi o primeiro órgão a divulgar a obra “A Divorciada” com “estas animadoras palavras”,

Temos sobre a nossa banca de trabalhos esse novo livro da apreciada escritora cearense, demonstração irrecusável de uma insistente e perseverante atividade intelectual.
O talento da autora, promissoriamente demonstrado em outro gênero da literatura, apresenta no ramo que ora escolheu novas e significativas manifestações de um espírito acostumado à observação diária dos fatos, auxiliado por estimáveis faculdades de análise.
Passando do conto ao romance, concepção indiscutivelmente mais vasta e complexa, Francisca Clotilde nos deixa perceber através de sua engenhosa e fértil imaginativa, traços ideativos de uma vocação definida.
Inspirada e retratada pelo nosso meio, a auspiciosa tentativa da inteligência e operosa romancista é um estudo de costumes a que comunica vida a uma das nossas controvertidas questões civis _ o divórcio.
O enredo é tratado com carinho, e vê-se que a autora muito se esforçou por explorar todos os acidentes locais, fazendo vingar a índole da sociedade que serviu de teatro à sua produção.

 A revista “O Lyrio” de Recife, na edição de março de 1902, ao receber A Divorciada, assim se reporta,

A conhecida escritora cearense, Francisca Clotilde, teve a gentileza de oferecer-nos o seu romance - A Divorciada, que forma um belo volume de duzentas e trinta e três páginas.
A urdidura do romance é simples, mas bem travado com a concepção, corre suavemente, sem sobresalto, sem rebuscamento, despreocupado e natural.
Com esses elementos, arquitetou a simpática escritora um romance muito interessante, onde a emoção sem muito se elevar, distribui-se com arte, dando relevo às cenas e prendendo continuamente a atenção do leitor até o desenlace.
Agradecemos a oferta, felicitamos a distinta romancista.

Segundo Abelardo Montenegro, em Romance Cearense, ‘A Cidade’ – jornal que ela colabora – na cidade de Sobral, edição de 21/03/1903 elogia o romance, asseverando que é mais um magnífico estudo de observações e de fatos sociais, que um simples trabalho recreativo e fantasista. O mesmo jornal louva o estilo da romancista que qualifica de ligeiro, delicado, correto e atraente, inspirado no realismo puro. Em 1909, reside ela em Aracati, O Aracaty – órgão de imprensa local – na edição de 25.03.09, diz que o romance de Clotilde ocupa-se da momentânea e debatida questão do divórcio, tão simpatizada entre nós. Rompendo todos os preconceitos, desprezando todas as conveniências sociais, procura demonstrar a necessidade do amor no casamento, do verdadeiro amor desinteressado e eterno, espontâneo e natural.

Por décadas, não encontramos mais nenhuma notícia a respeito do referido romance. Somente em 1977 o professor e escritor Otacílio Colares em seu Lembrados e Esquecidos Vol. III, pp. 54-78.

Um novo silêncio..., e em 2000, Caterine de Sabóya Oliveira, em "Seis romances, seis visões", volta a abordar A Divorciada como um dos seis romances cearenses em destaque.

terça-feira, 6 de março de 2012

HISTÓRIA DE UM PROFESSOR

 
Aqui transcrevo, tal e qual, a Triste -  história de um Professor, que rebebi por Email, hoje dia 07 de março de 2012:
 
"Porto Alegre (RS), 16 de julho de 2011
 
Caro Juremir (CORREIO DO POVO/POA/RS)
 
Meu nome é Maurício Girardi. Sou Físico. Pela manhã sou vice-diretor no Colégio Estadual Piratini, em Porto Alegre, onde à noite leciono a disciplina de Física para os três anos do Ensino Médio. Pois bem, olha só o que me aconteceu: estou eu dando aula para uma turma de segundo ano. Era 21/06/11 e, talvez, “pela entrada do inverno”, resolveu também ir á aula uma daquelas “alunas-turista” que aparecem vez por outra para “fazer uma social”. Para rever os conhecidos. Por três vezes tive que pedir licença para a mocinha para poder explicar o conteúdo que abordávamos.
 
Parece que estão fazendo um favor em nos permitir um espaço de fala. Eis que após insistentes pedidos, estando eu no meio de uma explicação que necessitava de bastante atenção de todos, toca o celular da aluna, interrompendo todo um processo de desenvolvimento de uma idéia e prejudicando o andamento da aula.
 
Mudei o tom do pedido e aconselhei aquela menina que, se objetivo dela não era o de estudar, então que procurasse outro local, que fizesse um curso à distância ou coisa do gênero, pois ali naquela sala estavam pessoas que queriam aprender' e que o Colégio é um local aonde se vai para estudar. Então, a “estudante” quis argumentar, quando falei que não discutiria mais com ela.
 
Neste momento tocou o sinal e fui para a troca de turma. A menina resolveu ir embora e desceu as escadas chorando por ter sido repreendida na frente de colegas. De casa, sua mãe ligou para a Escola e falou com o vice-diretor da noite, relatando que tinha conhecidos influentes em Porto Alegre e que aquilo não iria ficar assim. Em nenhum momento procurou escutar a minha versão nem mesmo para dizer, se fosse o caso, que minha postura teria sido errada. Tampouco procurou a diretoria da Escola.
 
Qual passo dado pela mãe? Polícia Civil!... Isso mesmo!... tive que comparecer no dia 13/07/11, na 8.ª (oitava Delegacia de Polícia de Porto Alegre) para prestar esclarecimentos por ter constrangido (“?”) uma adolescente (17 anos), que muito pouco frequenta as aulas e quando o faz é para importunar, atrapalhar seus colegas e professores'. A que ponto que chegamos? Isso é um desabafo!... Tenho 39 anos e resolvi ser professor porque sempre gostei de ensinar, de ver alguém se apropriar do conhecimento e crescer. Mas te confesso, está cada vez mais difícil.
 
Sinceramente, acho que é mais um professor que o Estado perde. Tenho outras opções no mercado. Em situações como essa, enxergamos a nossa fragilidade frente ao sistema. Como leitor da tua coluna, e sabendo que abordas com frequência temas relacionados à educação, ''te peço, encarecidamente, que dediques umas linhas a respeito da violência que é perpetrada contra os professores neste país''.
 
Fica cristalina a visão de que, neste país:
Ø NÃO PRECISAMOS DE PROFESSORES
Ø NÃO PRECISAMOS DE EDUCAÇÃO
Ø AFINAL, PARA QUE SER UM PAÍS DE 1° MUNDO SE ESTÁ BOM ASSIM
 
Alguns exemplos atuais:
· Ronaldinho Gaúcho: R$ 1.400.000,00 por mês. Homenageado pela “Academia Brasileira de Letras"...
· Tiririca: R$ 36.000,00 por mês. Membro da “Comissão de Educação e Cultura do Congresso"...
 
TRADUZINDO: SÓ O SALÁRIO DO PALHAÇO, PAGA 30 PROFESSORES. PARA AQUELES QUE ACHAM QUE EDUCAÇÃO NÃO É IMPORTANTE: CONTRATE O TIRIRICA PARA DAR AULAS PARA SEU FILHO.
 
Um funcionário da empresa Sadia (nada contra) ganha hoje o mesmo salário de um “ACT” ou um professor iniciante, levando em consideração que, para trabalhar na empresa você precisa ter só o fundamental, ou seja, de que adianta estudar, fazer pós e mestrado? Piso Nacional dos professores: R$ 1.187,00… Moral da história: Os professores ganham pouco, porque “só servem para nos ensinar coisas inúteis” como: ler, escrever, pensar,formar cidadãos produtivos, etc., etc., etc...
 
SUGESTÃO: Mudar a grade curricular das escolas, que passariam a ter as seguintes matérias:
Ø Educação Física: Futebol;
Ø Música: Sertaneja, Pagode, Axé;
Ø História: Grandes Personagens da Corrupção Brasileira; Biografia dos Heróis do Big Brother; Evolução do Pensamento das "Celebridades"
Ø História da Arte: De Carla Perez a Faustão;
Ø Matemática: Multiplicação fraudulenta do dinheiro de campanha;
Ø Cálculo: Percentual de Comissões e Propinas;
Ø Português e Literatura: ?... Para quê ?...
Ø Biologia, Física e Química: Excluídas por excesso de complexidade.
 
Está bom assim? ... eu quero mais!...
ESSE É O NOSSO BRASIL ...
 
Vejam o absurdo dos salários no Rio de Janeiro (o que não é diferente do resto do Brasil)
 
Ø BOPE - R$ 2.260,00....................... para ........ Arriscar a vida;
Ø Bombeiro - R$ 960,00.....................para ........ Salvar vidas;
Ø Professor - R$ 728,00.....................para ........ Preparar para a vida;
Ø Médico - R$ 1.260,00......................para ........ Manter a vida;
 
E o Deputado Federal?.....R$ 26.700,00 (fora as mordomias, gratificações, viagens internacionais, etc., etc., etc., para FERRAR com a vida de todo mundo, encher o bolso de dinheiro e ainda gratificar os seus “bajuladores” apaniguados naquela manobrinha conhecida do “por fora vazenildo”!).
 
IMPORTANTE:
Faça parte dessa “corrente patriótica” um instrumento de conscientização e de sensibilização dos nossos representantes eleitos para as Câmaras Municipais, Assembleias Estaduais e Congresso Nacional e, principalmente, para despertar desse “sono egoísta” as autoridades que governam este nosso maravilhoso país, pois eles estão inertes, confortavelmente sentados em suas “fofas” poltronas, de seus luxuosos gabinetes climatizados, nem aí para esse povo brasileiro. Acorda Brasília, acorda Brasil !...

P.S.: Divulgue logo esta carta para todos os seus contatos. Infelizmente é o mínimo que, no momento, podemos fazer, mas já é o bastante para o Brasil conhecer essa "pouca vergonha". As próximas eleições estão chegando!".
Anamélia Custódio Mota
Tauá - CE. 07 de março de 2012
 

DIA INTERNACIONAL DA MULHER


EXORTAÇÃO ÀS MULHERES

(LEDA COSTA LIMA)

 
HOMENAGEM A TODAS AS MULHERES ESCRITORAS

DO CEARÁ, DO BRASIL E DO MUNDO


Aqui neste espaço gostaria de citar algumas Mulheres da Letras.

Do Ceará: Emília de Freitas (Rainha do Ignoto), Francisca Clotilde (A Divorciada), Serafina Pontes (Livro da Alma), Ana Nogueira, Alba Valdez (Dias de Luz), Antonieta Clotilde (Redatora da Revista A Estrella e poeta), Maria Sampaio (poeta), Abgail Sampaio (poeta), Ana Facó (Minha palmatória), Rachel de Queiroz (O Quinze), Caterina Saboya Oliveira (Seis romances, seis visões), Zinah Alexandrino (Sutilezas), dentre outras tantas.

Do Brasil:   Cora Coralina, Cecília Meireles, Adélia Prado, Maria Firmina dos Reis(Úrsula).

Do Mundo: Florbela Espanca (poeta).

O soneto em epígrafe por si só já é um convite para perseverar, quando diz: "Falai, falai, que o tempo vos escuta" (...) "A vida passa, permanece a obra".

Creio que não poderia encontrar soneto melhor para este momento de celebração do DIA INTERNACIONAL DA MULHER.

Anamélia Custódio Mota
Tauá - CE, 07 de março de 2012

FRANCISCA CLOTILDE SESQUICENTENÁRIO

FRANCISCA CLOTILDE

Há cento e cinquenta anos nascia em Tauá, Ceará, a menina Francisca Clotilde. Na adolescência perdeu a mãe, dona Ana Maria Castelo Branco. Foi aluna do Colégio Imaculada Conceição em Fortaleza. Foi professora na Escola Normal Pedro II, também em Fortaleza. Na mesma cidade fundou o Externato Santa Clotilde. Lecionou ainda nas cidades de Baturité e Aracati.

Poeta desde a tenra idade, com trabalhos esparsos em jornais e revistas da época.

Abolicionista participou da Sociedade das Senhoras Libertadoras na cidade de Fortaleza.

Jornalista escrevia sem se importar com o que poderia vir por parte dos poderosos.

Contista teve no ano de 1897 quarenta e dois contos publicados em brochura, cuja brochura é dedicada aos seus pais João Correia Lima e Ana Maria Castelo Branco. Esse trabalho teve teve como prefacista Tibúcio de Oliveira Cavalcante.

Política muito lutou pelos direitos dos menos favorecidos, inclusive pelos direitos das mulheres.

Dramaturgista escreveu inúmeras peças de teatro, desde monólogo, jogral e drama. Inicialmente essas peças eram apresentadas em sala de aula, posteriormente no teatro Santo Antônio, em Aracati, e por diversas vezes na cidade de Fortaleza.

Romancista foi a pioneira no Brasil a abordar o tão discutido tema: O Divórcio. O romance de sua autoria intitulado A DIVORCIADA, veio a público para o ano de 1902.

Faleceu na cidade de Aracati no ano de 1935.

No ano de 1952 a escritora  Stela Barbosa Araújo (ex aluna) a tomou para Patrona da Cadeira na qual viria a ter assento na Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno.

(Trata-se de um esboço - texto a concluir)

segunda-feira, 5 de março de 2012

TAUÁ ANTIGO EM FATOS E FOTOS

Tauá - Ceará
Capela de Nossa Senhora do Rosário
Pintura de José dos Reis Carvalho, 1860


 Igreja Nossa Senhora do Rosário e
Casa do Coronel Lourenço Alves Feitosa

Assembléia Legislativa do Ceará
Dos que compõem o quadro, dois são tauaenses:
o Cel Lourenço Alves Feitosa( 3 da D p. E) ,
e o vigário Máximo Feitosa (2 E p. D)


 Coronel Lourenço Alves Feitosa,
e suas filhas Edwirges e Maria de Lourdes

FAMÍLIA CAVALCANTE MOTA - Marruás
Aureliano Mota/Amélia e Filhos -
Fazenda Todos os Santos - Marruás

TAUÁ - RUA DA MATRIZ, 1929
Hoje, Av. Cel Lourenço Feitosa
 Tauá, 1929
Essa rua é a que passaria a ser a Av. Odilon Aguiar

Tauá -  Rio Trici, início da construção da ponte Horácio Marques

TAUÁ FEIRA LIVRE
Localizada numa quadra circundada por prédios comerciais,
tendo como ícone A NACIONAL, de Sebastião César Rêgo 
 TAUÁ AÇUDE (LAGOA) DO SEU ENÉAS ALVES, 1960
Hoje, Parque da Cidade que leva seu Nome

sábado, 3 de março de 2012

A JUSTIÇA ELEITORAL NO BRASIL

EDMILSON BARBOSA  - ADVOGADO - TAUÁ

A JUSTIÇA ELEITORAL NO BRASIL

 "Bendito o que semeia livros, e manda o povo pensar..."
 (Castro Alves)

PREFÁCIO

O Professor Edmilson Barbosa oferece ao mundo jurídico valiosa contribuição, ao discorrer sobre o papel da Justiça Eleitoral na sociedade brasileira. Analisa a motivação para sua criação, as funções administrativas que desempenha, pondo em realce a impossibilidade de o magistrado eleitoral aplicar sanção de ofício, no exercício do poder de polícia que lhe é reconhecido.
Não passou despercebido ao autor a necessidade de preservação do “direito subjetivo a eleições isentas” que cabe à Justiça Eleitoral assegurar, excluindo da disputa aqueles que comprovadamente cometem ilicitudes comprometedoras da normalidade do processo eletivo. Insurge-se ele contra a utilização do poder geral de cautela para emprestar efeito suspensivo a recurso eleitoral, reclamando maior atenção à norma do art. 257, do Código Eleitoral que prevê apenas efeito devolutivo aos recursos manejados nessa jurisdição. O adiamento da execução de decisão condenatória é tido como fator para descrença na própria política “como meio de realizar o interesse coletivo.”
Na verdade, a finalidade precípua da Política é a realização do bem comum. Essa compreensão, porém, é pouco difundida na sociedade, daí a sequência de aberrações praticadas por pessoas investidas no poder a despeito de condenadas nas instâncias inferiores, tendo, portanto, já demonstrado toda a sua propensão para a criminalidade.
Mereceu especial atenção do autor a análise da função normativa da Justiça Eleitoral prevista no art. 23, IX, do Código Eleitoral. No exercício dessa atribuição, informa a edição de “mais de 22 mil resoluções”, muitas vezes, alternando o processo eleitoral às vésperas do Pleito.
Mudanças de regras bem próximo das eleições representam graves riscos à própria estabilidade da democracia, ainda quando se alegue falta de ofensa ao princípio da anualidade consagrado no art. 16, da Constituição. A improvisação não pode ser tolerada em se tratando de disciplinamento do acesso ao poder mais relevante da sociedade: o poder político.
A vida nacional tem sido impactada por resoluções produzidas pelo TSE. A perda do mandato por desfiliação, a criação da verticalização, entre outras, são inovações advindas do poder normativo da Justiça Eleitoral. O ativismo judicial é uma realidade na sociedade contemporânea. A política é exercitada pelos residentes no território do Estado. Tem este por atribuição produzir o Direito, cujo campo de incidência alcança até as ações políticas. As ações dos homens, no exercício do poder, não podem, assim, sobrepor-se à ordem jurídica, daí a crescente intervenção do Judiciário nos temas políticos.
A veiculação da chamada “lista suja” de candidatos pela AMB, nada mais traduz do que a preocupação de juízes lúcidos com o destino da sociedade brasileira, cujo comando - o próprio bom senso sinaliza - não pode ser entregue a pessoas comprovadamente criminosas. A indiferença com essa questão, no passado, por certo, contribuiu para o preocupante descrédito da sociedade em relação à classe política, responsável pela condução do destino da nação. Sem políticos idôneos, o grupo social perde o referencial para uma convivência harmônica pela supressão dos valores que dignificam  o homem.      
O professor Edmilson expôs, em sua obra, a posição da Suprema Corte sobre resoluções editadas pelo Judiciário. O propósito dessas normas produzidas fora do Poder Legislativo tem sido assegurar a força normativa da Constituição. Na busca de garantir efetividade ao Texto constitucional, a Justiça Eleitoral tem, efetivamente, substituído o legislador em decorrência de sua prolongada inércia em relação a temas geradores de angústia no grupo social.
Um registro, por fim, parece oportuno. A sociedade cada vez mais percebe que não basta conhecer profundamente o sistema jurídico de um país para alguém ser considerado um grande jurista. É essencial que também tenha impregnado, no seu coração, o compromisso com a realização do ideal de justiça. Sem isso, cedo ou tarde, acabará soterrando o Direito por razões, muitas vezes, inconfessáveis.
O autor não apenas enriquece o Direito Eleitoral com a presente obra, mas, igualmente, como jurista, tem orgulhado sua geração pelo permanente compromisso com a propagação da Ética e pela postura de luta pelo engrandecimento do Direito, demonstrada através da decência com que tem pautado sua atuação nas lides forenses.
Fortaleza, julho de 2008
Djalma Pinto
Ex- Procurador Geral do Estado do Ceará,
Professor de Direito Eleitoral da FESAC –
Fundação da Escola Superior da Advocacia do Ceará.

sexta-feira, 2 de março de 2012

APRESENTAÇÃO DO LIVRO TROVAS E VERSOS BÍBLICOS


ANAMÈLIA CUSTÓDIO MOTA
Trici Clube de Tauá, 17/11/2011
Apresentando o livro de: AURÉLIO RODRIGUES DE LOIOLA
 
Meus senhores e minhas senhoras
Boa noite!


A mim me coube a grata satisfação da apresentação desta Obra Trovas e Versos Bíblicos (a décima sexta) do professor, escritor/poeta Aurélio Rodrigues de Loiola.


Trovas e Versos Bíblicos é de fácil e agradável leitura, escrita de maneira singela, está repleta de episódios inusitados e pitorescos do cotidiano da vida do autor.


Nos fala da família, dos amigos, de Tauá, de Maria Farinha. Do seminário, do Colégio Selesiano, de suas viagens: ao Ceará, à capital federal, a outros estados brasileiros e ao Exterior.


Logo no início o poeta Aurélio Loiola dedica versos a sua GENA e diz assim: “Te vejo todos os dias/ nas rosas do meu jardim/ entre sonhos e utopias/ te escolhi para mim”.


Da Família: ”O Valdemar é um herói/ sertanejo destemido/ nos Bezerros é o Patriarca/ um lutador aguerrido”.


Da Imprensa: 1. “A Flaviana radialista/ ligeirinha como um raio/ é uma mulher altruísta/ ao lado do seu Sampaio”.
2. “O mestre Radir é grande/ um homem batalhador/ Radialista nota dez/ trabalhando com amor”.
3. O Alverne é nota dez/ na cidade de Tauá/ radialista competente/ na Tricy do Idemar”.


Da Gratidão: “A gratidão é virtude/ de qualquer um ser cristão/ quem não tem essa atitude/ é pobre de coração”.


Por falar em gratidão, eis que trago o poema PADRE ODORICO DE ANDRADE:


“Padre Odorico de Andrade/ Foi um Santo Sacerdote/ Trinta anos em Tauá/ Para o povo um holofote.
Às vezes o acompanhava/ Em suas celebrações/ Com o bem ele sonhava/ E fazia bons sermões.
Ao sair do seminário/ Ele ficou muito triste/ Como Jesus no Calvário/ Para Deus sempre conquiste.
Meu preito de gratidão/ A este meu protetor/ Me mandou pro seminário/ Lhe sou grato e ao Senhor!


Aurélio enaltece o Ceará quando aborda o tema: Liberdade: “Berço da libertação/ do escravo brasileiro/ foi aqui em Redenção/ bravo Ceará é pioneiro”.


Grécia: A Grécia me encantou/ Pátria da filosofia/ Sócrates, Platão, Aristóteles/ Ricos de sabedoria”.
A segunda parte do livro POEMAS BÍBLICOS, o autor vai de Gêneses até o Novo Testamento. Quantas quadrinhas lindas!
“Eu amo o apóstolo Paulo/ doutrina, literatura/ Antes de Paulo era Saulo/sua poesia e cultura”.
Lucas 2: “ Preparai o caminho do Senhor”/ é a mensagem de São João Batista/ Feliz Natal, com muita paz e amor/ e que Deus nos sorria e nos assista!”.
Em estado de Êxtase finalizo citando outro grande poeta cearense:
“O que vale no Cavaleiro/ não é o seu destino/
de guerreiro imaginário. Ou qualquer feito extraordinário/
Sua lança, seu elmo, seu escudo.
O que vale antes de tudo/ não é o seu perene cavalgar/
por terras e por tempos/ com o ar louco e bisonho.
O que vale nele, invisível, vale - É o sonho!”
(Artur Eduardo Benevides)
Viva o Aurélio Loiola! Viva o nosso Tauá!

O DIREITO DO POVO (POR FRANCISCA CLOTILDE)

Sabedoria popular! Bonitas palavras inteiramente vazias de sentido no apregoado regime das Repúblicas!

Temos o exemplo frisante do que se passa entre nós, neste triste espetáculo que o Brasil apresenta perante as nações cultas da terra. Para que serve o direito do voto? Qual é o fim dos comícios eleitorais?

No entanto, qual é o resultado dessa atividade sagrada e respeitável? Os partidos impõem o reconhecimento de seus adeptos e, embora tenham eles tido a minoria e seja isso um fato claríssimo e indiscutível, saem vitoriosos e vão às câmaras alardear o seu prestígio e apresentam projetos que fazem envergonhar os que dentre eles são mais escrupulosos e menos indignos.

É isto que chamam República? Pobre povo! O teu direito é conspureado a todo instante, só tens que suportar o vexame do imposto, o jogo dos mandões, a prepotência dos chefes que colocam os seus interesses acima de tudo.

Trabalhas para que a tua Pátria tenha soldados e vasos de guerra que a tornem respeitada e, quando é mister o teu sacrifício os homens de farda fazem de ti o alvo de suas carabinas e os encouraçados chegam aos teus portos a fim de bombardearem as tuas cidades?

Sonhas a liberdade e a justiça? Utopias!

Para seres livres é preciso que derrames o teu sangue generoso nas praças e nas ruas, que, esmagues os teus affectos mais fortes indo de armas na mão enfrentar esses irmãos desnaturados que desejam o teu aniquilamento e o teu captiveiro moral.

No dia que acordas como um leão selvagem o teu despertar é terrível.

Derrubas os tiranos, como fizestes a 24 de janeiro e, repugnando-te manchar as tuas mãos com o sangue dos que te esmagavam no furor de seu despotismo, perdoa os desvarios envolvendo-os na esmola de tua misericórdia.

Tudo se encaminha numa corrente fatal para o desprestígio de uma Nação que devia aspirar os mais elevados ideais.

Que ressoe pela imprensa o grito que nos vem do íntimo verberando os desmandos e injustiças com que se celebram os timoneiros da nau governamental.

Será vencido o povo? Continuará a ser vítima do partidarismo egoísta dos maus cidadãos, ameaçado pelas baionetas e pelos canhões?

Deus proteja o Ceará, que atravessa uma fase difícil, e livre os meus patrícios de lutas fratrícidas fazendo-os gozar as delícias de um governo digno e justo[1].



[1] F. CLOTILDE. Pelo Ceará, Aracati, Ceará, 1912 pp. 6-8.
ARAÚJO, Maria Stela B. In: Mulheres do Brasil (Pensamento e Ação) Vol. 1. Fortaleza: Galeno, 1971, pp. 242-243.
MOTA. Anamélia Custódio. Francisca Clotilde: Uma Pioneira da Educação e da Literatura no Ceará. Caninde, 2007.