quarta-feira, 13 de abril de 2011

***** ***** ***** A MULHER NA POLÍTICA ***** ***** *****

"Acima dos governos mal inspirados,
está a imagem da Pátria pedindo amor e sacrifício"
(Francisca Clotilde)

A MULHER NA POLÍTICA

"Hoje, que o movimento progressista da humanidade se tem desenvolvido de modo extraordinário e animador, não é de estranhar que a mulher, deixando-se arrastar na onda de entusiasmo, fique ao lado do homem na luta pelas boas causas.
Desde os tempos mais remotos, vemo-la desempenhar um importante papel, apesar de ser considerada frágil e inconstante pelos espíritos pessimistas.
A história bíblica fala-nos de Débora doutrinando o povo à sombra das palmeiras e dando-lhes planos de batalha para repelir o inimigo; mostra nos a linda viúva de Betúlia que, inspirada por Deus, penetrou no campo dos Assírios e conseguiu degolar o general Holofernes.
Ao lado de Judite de destaca-se a figura não menos gentil de Ester que com uma diplomacia encantadora conseguiu vencer Assuero e salvar seus irmãos oprimidos.
A coragem de mãe dos Macabeus alia-se ao valor da mãe de Gracos, que ia ao templo agradecer aos Deuses em vez de prantear a morte dos filhos em defesa da Pátria.
Clotilde, a esposa de Clóvis, foi fundadora da monarquia francesa e à sua influência deveu a França um período de prosperidade e de vitórias.
Foi o próprio Deus que arrancou a pastorinha de Domremy à placidez de sua vida simples e atirou-a no campo da luta para fazer sangrar Carlos VII e salvar o império francês.
O nome de Joana D’Arc é venerado por todos e a Igreja a colocou entre os bem aventurados porque o seu patriotismo irradiava os reflexos da virtude mais sólida, de pureza mais angelical.
Foi Catarina de Médicis a instigadora fanática dessa tragédia horrorosa que fez correr o sangue dos huguenotes na Saint Barthélemy e, quando a França se debatia agitada convulsionada na revolução cujo advento foi a tomada da Bastilha, as mulheres inflamaram-se e acompanharam os cidadãos nessa tentativa audaciosa de tomar a fortaleza secular sem temer os canhões, nem a guarda real, auxiliando, animando, batendo-se ao lado dos defensores da causa do povo.
Théroige de Mericourt, a revolucionária das ruas sobressaia nas caminhadas populares e foi Mme. Roland´ a alma da revolução cujo cérebro idealizava planos da mais alta política entre os Girondinos e cuja cabeça ao cair no cadafalso ainda teve lampejos de inteligência pelo bem do povo.
Em que pese aos obscuristas, o tempo do fuso e da roca já desapareceu na voragem do passado e hoje a mulher, se não tem o direito de se apresentar nos comícios eleitorais, porque a lei não lh’o quis ainda conferir, tem o direito sagrado de acompanhar o homem, máxime quando ele se bate pela pátria em seus dias nefastos e trabalha pela liberdade e pelo progresso.
Por que estranhar que se tenha criado a Liga Feminina em prol de uma candidatura que é a esperança de um Estado oprimido e digno de melhor sorte?
Porque censurar as manifestações a que as próprias crianças se associam com o sorriso nos lábios e a inocência lhes irradiando na fronte?
Falem contra a mulher cearense; eu aplaudo-a porque confio que a sua presença nestas festas populares é um prenúncio de triunfo para a boa causa e concito-a reanimar o valor de seus filhos e a ensinar-lhes que, acima dos governos mal inspirados, está a imagem da Pátria pedindo amor e sacrifício, impondo-se à nossa veneração, pairando serena e controlada como o céu que se desdobra sobre nossas cabeças lembrando-nos que Deus para reunir a humanidade teve também o concurso sublime de uma mulher que Ele colocou à sua destra, acima de todas as criaturas, no fastígio da glória e da imortalidade".

Fonte:  F. Clotilde. Brochura Pelo Ceará, pp. 2-5. (Instituto de Ceará).
ARAÚJO. Maria Stela Barbosa. Mulheres do Brasil. Vol. 01, Fortaleza, Editora Henriqueta Galeno 1971.
MOTA. Anamélia Custódio. Francisca Clotilde: Uma Pioneira da Educação e da Literatura no Ceará. Canindé, 1997. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário