domingo, 29 de abril de 2012

EUFRÁSIO DE ALMEIDA - POETA DOS INHAMUNS

Em nossas pesquisas sobre a escritora Francisca Clotilde (2005, 2006, 2007) nos deparamos com outros escritores e poetas de Tauá e dos Inhamuns. Copiamos e guardamos alguns dados, e hoje estamos resgatando o poeta Eufrásio de Almeida.

Nascido nos sertões dos Inhamuns, Tauá a 02 de setembro de 02/09/1888, Eufrásio de Almeida era filho de João Ferreira de Almeida. Lírico e harmonioso, foi um poeta espontâneo, não sacrificando a forma com os nascentes dos parnasianos do seu tempo.
Modesto, foi empregado da Estrada de Ferro de Baturité, telegrafista em Quixadá (1907) e em Maranguape de 1908 a 1910. Nesta última cidade fundou “Via Látea”, onde publica os seus primeiros versos. Em 1911, esteve em Guaiuba, onde escreveu o soneto à uma pacatubana,

VIA DOLOROSA

Já não posso lutar contra esta sina
A que sem força, mísero me entrego
Jurei não mais amar... mas onde chego
Sempre ao amor meu coração se inclina.

E o juramento, o último se fina!...
É que – pobre de mim – nem mesmo o nego –
Não sei mostrar-me indiferente, cego,
Ao que é belo, ao que encanta, ao que fascina!

Vê, há pouco te vi, e apaixonado,
Dos últimos protestos esquecido
Eis-me aos teus pés, humílimo, curvado.

E já sofro a lembrança de deixar-te
E ir de novo – da sina perseguido
Deixando o coração por toda parte!

Eufrásio de Almeida foi, na mocidade, colega de pensão de Dolor Barreira. Este, dedicou 14 belas páginas de evocação e sentimento, transcrevendo seus versos no 2º volume de sua monumental História da Literatura Cearense. De referida obra recortamos o soneto a seguir:

NO TEMPLO

Quando a tarde se esvai e o dia é findo,
A igreja tu vais rezar, piedosa...
E ali, crente, contrita e fervorosa
Ergue a Deus o teu olhar mais lindo.

Depois o róseo manual abrindo
Esquecida de mim, talvez, formosa,
Tu descerras a boca cor de rosa –
Numa longa oração – um tempo infindo!

Debalde, então, procuro os teus olhares;
Vejo-os, fitos no livro ou – nos altares
Buscando a Cristo entre os fulgentes lumes!... r

Nessas horas (perdão se isto te ofende)
Maldigo o livro que teus olhos prende
E até do próprio Deus tenho ciúmes!

Eufrásio de Almeida, faleceu em Fortaleza, aos 13 de maio de 1913, na Santa Casa de Misericórdia, em Fortaleza. À beira de seu túmulo, Dolor Barreira fez o necrológio, publicado no “Jornal do Ceará” de 17 de maio de 1913, afirma Raimundo Araújo In:. Poetas do Ceará. Fortaleza: Galeno, 1983 pp. 51-53. 

Cidade de Fortaleza 24.06.2006 – Exemplar do Professor Abelardo Fernando Montenegro, quando estive em sua residência em pesquisa sobre Francisca Clotilde.

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