quarta-feira, 18 de abril de 2012

REFLETINDO A ETNOMATEMÁTICA

 “A adoção  de uma  forma de ensino  mais dinâmico, mais realista
e menos formal, mesmo no esquema de disciplinas tradicionais,
permitirá atingir objetivos mais adequados a nossa realidade”.
(Ubiratan D’Ambrósio)

  Ubiratan D’Ambrósio é o autor brasileiro que mais claramente se identifica com essa tendência.  Segundo sua conceituação, a “etnomatemática é a arte ou técnica de explicar, de conhecer, de entender nos diversos contextos culturais”.

  Segundo D’Ambrósio para um melhor aproveitamento do estudo da matemática, “Devemos nos voltar para situações realmente reais. Projetos de natureza global, tais como a construção de uma casa ou o mapeamento de uma cidade, fornecem informações que exigiram o manejar problemas e modelos. A resolução de problemas ocorre como conseqüência, daí adquire significado e sua solução fazer sentido”.

Sendo assim, o ensino da matemática deve ir além de simples técnicas para sua compreensão (imediata); ela deve oferecer meios que garantam ao aluno uma compreensão verdadeira dos conteúdos ensinados através de reflexões, análises e construções, visando sua aplicação no cotidiano, esta aplicação não está apenas no fato de executar cálculos do dia-a-dia, mas de realizá-los de modo a compreender e analisar o que se está calculando.

       Diante de uma situação de aprendizagem, é importante que o professor situe os alunos, explicando os objetivos, as aplicações do que está sendo estudado e as possíveis relações com os outros campos do conhecimento. Sugerindo caminhos, fazendo propostas de trabalho, orientando a atividade e interpretando os erros como meios de aprendizagem.

O processo de ensino aprendizagem deve centrar-se na análise e na interpretação de situações, na busca de estratégias, na discussão do diferentes métodos de soluções.

       Desse modo, pode se favorecer não só o domínio das técnicas, mas também o de procedimentos como a observação, a experimentação, as estimativas, a verificação e argumentação.

        Para que a aprendizagem da matemática seja significativa, ou seja, para que os educandos possam estabelecer conexões entre os diversos conteúdos e entre os procedimentos informais e os escolares, para que possam utilizar esses conhecimentos na interpretação da realidade em que vivem, sugere-se que os conteúdos matemáticos sejam abordados por meio da resolução de problemas.

       Nessa proposta, a resolução de problemas não constitui um tópico de conteúdo isolado, nem se reduz à aplicação dos conceitos previamente demonstrados pelo professor: ela é concebida como uma forma de conduzir integralmente o processo ensino-aprendizagem.

       Alguns exemplos de fatos e situações cotidianas que podem propiciar interessantes explorações matemáticas são:
    ·     Levantamento de dados pessoais;
    ·     Atividades de compra e venda;
·    Leitura e interpretação de informações que aprecem em contra-cheques, contas de luz, extratos bancários, para observar as escritas numéricas e fazer cálculos mentais;
    ·     Cálculo de medidas de terrenos e deificações, para compreender as noções de medida.

     A resolução de problemas matemáticos na sala de aula envolve várias atividades e desenvolve diferentes capacidades no aluno:
·    Compreender o problema;
·    Elaborar um plano de resolução;
·    Executar o plano;
·    Verificar ou comprovar a solução;
·    Justificar a solução;
    ·     Comunicar a resposta.

        Um dos maiores epistemólogos do século XX, Gaston Bachelard, em seu livro: “A formação do Espírito Científico” (1938), formulou o conceito de que o avanço da ciência se dava através de obstáculos, os quais eram inerentes ao próprio conhecimento, por conseguinte, não estando nas pessoas.

        As idéias de obstáculos epistemológicos podem ser levadas à matemática, pois facilmente se percebe que certos conceitos matemáticos foram verdadeiras barreiras para o avanço de certas áreas.

Anamélia Custódio Mota
Artigo publicado na Revista Mundo Jovem, PUCRS, Nº 347, maio de 2004.

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