segunda-feira, 30 de abril de 2012

MONSENHOR JOVINIANO BARRETO

MONSENHOR JOVINIANO BARRETO

Nasceu a 5 de maio de 1889, na fazenda Cajazeiras, Município de Tauá, Ceará. Filho de Roberto Barreto e de dona Cristina Gonçalves de Amorim Barreto. Teve como primeira professora a mãe, a seguir, o seminário. Ordenou-se a 21 de dezembro de 1911, aos 22 anos.

Antes de ordenar-se lecionou no Seminário (1908-1909) e no Colégio Diocesano do Crato (1910-1911) Foi vigário de Independência 12 de janeiro de 1912 até 05 de setembro de 1913. Cooperador de Mons. Linhares, em Lavras da Mangabeira, até 15 de janeiro de 1917, Cura da Catedral de Crato de 20 de janeiro de 1917 a 28 de fevereiro de 1919.Secretário do Bispado de Crato de 1º de março de 1919 a março de 1936; Diretor e professor do Colégio São José de Crato, de 1º de janeiro de a 30 de novembro de 1924.

Vice-presidente do Banco do Cariri S/A desde a sua fundação em 1921 até 1950. Reitor do Seminário do Crato de 1º de janeiro de 1922 a 31 de dezembro de 1932; Diretor do Ginásio do Crato em 1933 e 1934. Pároco de Juazeiro do Norte de 26 de março de 1935 a 06 de janeiro de 1950.
Ao ser nomeado Vigário de Juazeiro - “A freguesia mais difícil de curar que o Brasil jamais sonhou possuir”, segundo Prof. J. Teles da Cruz, a família, na caridade para com ele, tremeu: ele não! Aceitou, seguiu, sofreu, suportou tudo, até morrer como morre um Padre bom: na fidelidade do ofício" (Neri Feitosa).

Dia 06 de janeiro de 1950, Monsenhor Joviniano Barreto foi assassinado por Manoel Pedro da Silva, solteiro, de 39 anos. De Juazeiro, o corpo foi levado para o Crato, nos braços do povo. O sepultamento ocorreu às 17 horas do dia 07 de janeiro de 1950, presentes o bispo diocesano, 21 Sacerdotes, 19 seminaristas e Comissões de Milagres, Barbalha, Lavras, Missão Velha e Caririaçu.

O assassinato de Monsenhor Joviniano Barreto abalou a família e a sociedade. O juiz de direito e poeta Carlyle Martins, presta-lhe uma homenagem no soneto:
 
MÁRTIR DO DEVER

(À memória de Monsenhor Joviniano Barreto)

Sacerdote do amor, da Fé e da virtude,
Sua alma era do Bem, sublime relicário
Dirigindo os fiéis, em serena atitude,
Pregava a religião do Mártir calvário.

O destino cruel, que tanto nos ilude,
Reservou-lhe na vida o mais atroz fadário,
Atirando-o, de um modo inesperado e rude,
De encontro à hediondez de um mísero sicário.

De morte sem igual pagou triste tributo,
O pobre Monsenhor! Mas seu nome impoluto
Já cintila no azul, em riscos camafeus!

E, enquanto a terra chora, em ânsias
Ele no Paraíso, entre estrelas e rosas,
Num esplendor de luz, está junto de Deus.

.
Carlyle Martins In: Feitosa, Neri. Monsenhor Joviniano Barreto. Cadernos do Cariri: Série Biografia. Crato, Ceará, 1966.

Nota do Jornal O POVO de 2 de janeiro de 1959, 6ª feira:

“Dia 31 de dezembro de 1958, suicidou-se, na prisão, com três profundas peixeiradas, o tristemente célebre criminoso Manoel Pedro da Silva, que é louco e foi o matador de Monsenhor Joviniano Barreto, vigário da Paróquia de Juazeiro, fato ocorrido em Juazeiro em 1950”.
 
O criminoso Manuel Pedro da Silva era natural do Rio Grande do Norte, na tarde do dia 6 de janeiro de 1950, no momento em que o sacerdote procedia a Benção litúrgica da pedra fundamental do convento dos Franciscanos, naquela cidade. Premeditou o delito, desde a véspera do Natal de 1949, quando foi à igreja, à meia noite, levando oculta sob as vestes, uma faca adquirida naquele mesmo dia. Não consumou naquela noite porque o celebrante foi outro sacerdote e não Monsenhor Joviniano Barreto.
 
O ódio do psicopata ao vigário da Matriz das Dores vinha sendo alimentado desde a alguns anos por motivos de o sacerdote haver-se recusado a celebrar o seu casamento com uma senhora casada.
 
Vale acentuar que essa recusa ao desejo absurdo de Manoel Pedro também foi externada pelo Juiz de Direito dr. Juvêncio Joaquim de Santana.
Em sua esquizofrenia, Manuel Pedro concretizou todo o seu ódio somente sobre a pessoa do sacerdote. Procurou assim eliminá-lo, conseguindo-o, finalmente, de maneira bárbara e traiçoeira”.

Fonte: FEITOSA. Neri. Monsenhor Joviniano Barreto. Cadernos do Cariri: Série Biografia. Crato, Ceará, 1966.

 

Um comentário:

  1. Eu me lembro perfeitamente do nefasto acontecimento. Eu era seu vizinho, quando morávamos no logradouro, denominado de Barro Branco, há aproximadamente quatro léguas de Juazeiro. A pedido do Manuel Pedro da Silva, minha mãe sempre me deixava ir à missa com ele aos domingos, na Igreja Matriz de N.S. das Dores, em Juazeiro. Por ocasião do assassinato do Monsenhor, em 06 de janeiro de 1950, eu tinha apenas oito anos. Que tempo!

    ResponderExcluir